No espetáculo de teatro contemporâneo, MEMÓRIAS DO PEQUENO CIRCO, artistas iam para o “país dos sonhos”, um país jamais visto, e de onde ninguém nunca poderá escapar. Neste lugar há quem dome e quem seja domado – um comedor de vidros, um palhaço paranoico, um profeta, o dono do circo e a menina que sonhava em acompanhar os artistas – a natureza de cada um tentando se resguardar do mundo atual.
Ausência de memórias, desejos, negligência, banalização e espetacularização da vida culminam e levam este “circo-mundo” a um incêndio. Numa espécie de circo, este “país dos sonhos” se transforma em país da crueldade.
Fruto de pesquisa, o espetáculo traz uma reflexão sobre política, ausência de memória coletiva e grande mídia. Investiga o quão próximo estamos de nós mesmos e do mundo ao qual pertencemos. O incêndio como um acúmulo de erros e o mundo como um circo. Enfim, o espetáculo indaga o quanto somos protagonistas deste mundo e quanto somos somente espectadores.
O espetáculo se desenvolve em torno de temas presentes e preocupantes em nossa sociedade: negligência e desrespeito pela vida humana, ausência de memória, banalização da cultura, da mídia e a teatralização dos movimentos sociais, da política e da justiça.
A estrutura do espetáculo é inspirada na dramaturgia do circo e em seus números, na sua música, no seu apresentador e animais. No espetáculo “Memórias do Pequeno Circo” estes números clássicos do circo são “traduzidos” para a linguagem corporal contemporânea, criando uma linguagem cênica que transita entre a leveza lúdica do circo e o tragicômico do grotesco. Durante o processo de montagem foi criada por Eveline Costa uma dramaturgia inédita, usando diferentes fontes de pesquisa:“Civilização do espetáculo” de Mario Vargas Llosa, “Livro dos abraços” e “Memórias do fogo” de Eduardo Galeano, “O espetáculo mais triste da terra” de Mauro Ventura, “O queijo e os vermes” de Carlo Ginzburg além de textos históricos e documentais.